Dr. Salazar, o médico assassino que inspirou Hannibal.


Olá, meus caros! Por mais de três décadas se especulou a respeito da verdadeira história do canibal mais famoso e fascinante da literatura e do cinema mundial: Dr. Hannibal Lecter; o personagem fictício criado pela mente de Thomas Harris. Mas afinal, o que há de tão deslumbrante em Lecter? E seria ele invenção puramente literária?



Dr. Hannibal Lecter interpretado com maestria por Anthony Hopkins. 

Imerso em pinturas de Giotto di Bondone, Johann Füssli e no som inebriante de Bach; Lecter é um refinado homem de meia-idade, filho de nobres e nascido no leste europeu em 1933. Possui uma notável capacidade intelectual e sofisticação. É um respeitado médico psiquiatra e Patrono das artes em Baltimore. Move-se com uma elegância admirável. Seu falar é sutil e pausado, acompanhado de um olfato extraordinariamente apurado. Contudo e, apesar de pertencer a uma família aristocrata, teve uma infância indescritivelmente difícil, marcado pelo macabro acontecimento com sua pequenina e amada irmã Mischa. Logo, uma sombria e obscura compulsão por carne humana começou a florescer... Em 1975, Lecter já era conhecido como “Hannibal, The Cannibal” pela imprensa norte-americana.

“Hannibal, The Cannibal”. 

Um personagem tão extraordinário e incomum como Lecter, foi alvo de inúmeros apontamentos e estudos para sua provável inspiração. Indagou-se a respeito de Andrei Romanovich Chikatilo; um dos mais diabólicos canibais da história, além de Albert Fish e Jeffrey Dahmer. 

Em 27 de julho de 2013, o autor Thomas Harris publicou sobre quem fora a sua real inspiração. Não obstante, ele havia encarado frente a frente o homem que posteriormente tornar-se-ia... Hannibal Lecter.

The Times.

Em meados da década de 60, o escritor Thomas Harris, na época com 23 anos e repórter investigativo, encontrou-se com Dykes Askew Simmons para uma entrevista em Nuevo Leon State Prision, no México. Simmons cumpria pena de prisão perpétua por assassinar brutalmente três pessoas. 

Eis que então, surge a majestosa presença de Doctor Salazar, o médico responsável por salvar a vida de Simmons durante uma fuga mal sucedida. Thomas Harris decidiu então entrevistá-lo. A figura caricata do médico cirurgião parecia cada vez mais deslumbrada em descobrir a condição e o estado das vítimas de Simmons, tornando a entrevista sombria e peculiar. O que Harris não desconfiava era que Dr. Salazar também estava preso. “Havia uma certa elegância sobre ele”, disse posteriormente. 

“Ele nunca vai deixar este lugar. Ele é louco”, segundo palavras do próprio diretor. A conversa com o médico, que agora descobrira ser um monstruoso assassino, afligiu e perturbou Harris por muito tempo. Neste momento, Harris fixou-se em descobrir a identidade do homem que o havia enganado.

Dr. Salazar e Dr. Hannibal Lecter.

“Preciso de informações sobre um médico, conhecido pela imprensa como “O Lobisomem de Nuevo León”, detido na Prisão Estadual de Nuevo León no final dos anos 1950 e pelos anos 1960”. Não sei seu nome. O médico foi condenado por matar caroneiros em Nuevo León, desmembrando-os e desovando os corpos aos poucos à noite com seu carro. O médico salvou a vida de outro detento na prisão, Dykes Askew Simmons, quando ele foi baleado pelos guardas enquanto tentava fugir. O médico também tratou pessoas pobres gratuitamente quando era prisioneiro e chegou a ter um consultório dentro da cadeia. 

Simmons era um texano condenado em Nuevo León, em março de 1961, por matar três membros jovens da família Perez Villagomez em outubro de 1959. Ele foi sentenciado à morte, uma sentença depois comutada para 30 anos de prisão. Ele esteve na Prisão Estadual de Nuevo León de 1961 até sua fuga em 1969. O caso de Simmons, e provavelmente o caso do médico, foi coberto pelos jornais El Norte de Nuevo León e El Sol de Nuevo León. Os repórteres do El Norte que escreveram sobre Simmons foram Ricardo Bartres e Esteban Ardines. Qualquer ajuda será bem-vinda.”

Após muitas investigações e constatações, um amigo de Harris, escritor e que particularmente conhecia muito bem a prisão do verdadeiro Hannibal Lecter, o contatou:

“O nome do médico que tratou Dykes era Alfredo Ballí Treviño. Ele foi sentenciado à morte por “crimes de homicídio qualificado, enterro clandestino e expropriação da profissão”. Do ponto de vista judicial, seu caso é interessante porque foi à última sentença de morte proferida no México. A pena de morte não tem sido praticada legalmente no país desde então. Todos os sinais sugerem que o Dr. Alfredo Ballí Treviño morreu em 2010. Até aquele ano, ele praticou a medicina num consultório numa colônia esquecida de Monterrey”. 

Todas as informações despertaram em Thomas Harris uma profunda inquietação e não demorou muito para começar a escrever. 
Posteriormente, todos os dados coletados contribuíram para o prólogo de “Silence Of The Lambs: 25th Anniversary Edition” onde o autor revela a macabra origem do mais célebre canibal da literatura e vilão número um segundo o American Film Institute.

“He is not a person, he is the Devil”. 



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